A LUZ É CONTAGIANTE


O que é REAL em vocês? É um Ser que é de tudo de bom e positivo, alegre e abundante, cheio de humor e amor divertido, com talentos criativos, paciente e bondoso, compassivo e misericordioso. Permitam que os seus Eu(s) REAIS venham, permitam que as suas Luzes maravilhosas brilhem, pois, isso é a razão do por que vocês estâo aqui.




sábado, 18 de junho de 2011

Caminho para o amor - trecho do livro - Deepak Chopra

Apaixonar-se é uma ocorrência acidental para muitas pessoas, mas não é casual em termos espirituais - é o ponto de entrada para a jornada eterna do amor. O romance possui várias fases distintas que podemos explorar - atração, enamoramento, corte e intimidade - cada uma delas participando de um significado espiritual especial.
Na aurora do estágio seguinte, o romance transfigura-se num relacionamento de compromisso, geralmente o casamento, e o caminho se transforma. Passado o enamoramento [no original ' falling in love' - literalmente 'cair no amor'], o estar bem amando [being in love] começa.

Espiritualmente, a palavra 'being' [ser, estar] implica um estado da alma; é nesse estado em que um casal aprende a nutrir-se através da entrega, a palavra chave em todo relacionamento espiritual.
Pela entrega, as necessidades do ego, que podem ser extremamente egoístas e sem amor, são transformadas na verdadeira necessidade do espírito, que é sempre a mesma - a necessidade de crescer. À medida que se cresce, trocam-se sentimentos superficiais e falsos por emoções profundas e verdadeiras: assim, compaixão, confiança, devoção e serviço tornam-se realidades. Esse casamento é sagrado; nunca pode falhar, porque baseia-se na essência divina. Esse casamento também é inocente, porque seu único motivo é amar e servir a outra pessoa.
A entrega é uma porta que precisa ser atravessada para que a paixão seja encontrada. Sem a entrega, a paixão fica centrada no desejo de prazer e estímulo da pessoa.
Com a entrega, a paixão é direcionada para a própria vida - em termos espirituais, a paixão é o mesmo que se permite ser levado pelo ria da vida, que é eterno e inesgotável em seu fluxo.
O fruto final da entrega é o êxtase; quando você se livra de todos os seus apegos egoístas, quando acredita que o amor é realmente o núcleo de sua natureza, sente uma paz completa. Nessa paz existe uma semente de doçura percebida no âmago do coração e, a partir dessa semente, com paciência e devoção, você nutre o supremo estado de alegria, conhecido como êxtase.

Este, então, é o caminho para o amor desenvolvido nas páginas a seguir, embora não seja o único. Algumas pessoas não se apaixonam mas entram em relacionamentos com um ente querido. Porém, isto não significa que não exista um caminho para elas, só que o caminho foi internalizado. Para essas pessoas, o ser amado está inteiramente dentro delas desde o início. Ele é sua alma ou a imagem que elas fazem de Deus; é uma visão ou uma vocação; é uma solidão que floresce no amor pelo Uno. A seu próprio modo, uma história de amor dessas também é sobre relacionamento, porque as descobertas finais são as mesmas para todos nós.
Descobrir que 'eu sou amor' não é algo reservado apenas para aqueles que se casam; é uma descoberta universal, valorizada em todas as tradições espirituais. Ou, para colocar a questão de maneira mais simples, todos os relacionamentos são em última instância um relacionamento com Deus.

Eu queria que esta fosse uma obra prática, assim como, espero, uma obra inspiradora. Cada capítulo inclui exercícios (intitulados de 'Prática Amorosa') que lhe permitirão firmar-se nos conceitos discutidos no texto. Depois, segue-se uma história de amor (intitulada de 'Em Nossas Vidas') para tornar o texto mais personalizado. Estou envolvido em todas essas histórias, geralmente como ouvinte compassivo de amigos e pacientes. Às vezes, vou além desse papel para funcionar como consultor ou conselheiro, mas não assumo o papel de terapeuta profissional. Quero apenas abrir o caminho para a compreensão, agindo como seu parteiro; depende de cada pessoa chegar a dar à luz.

Mas antes de embarcar nas histórias de amor neste livros, deixe-me contar um pouco de minha história. O espírito está sempre deixando pistas sobre sua existência, muito embora possamos não estar atentos para elas, e lembro-me das primeiras pistas que recebi de minha avó cósmica. Ela era minha avó materna, casada com um velho sargento do exército indiano que soprara seu clarim do telhado na manhã em que eu nasci. À primeira vista, aquela mulher pequenina não parecia cósmica. Sua idéia de contentamento era bater a massa de farinha num pão perfeitamente circular para meu desjejum, ou ir antes da aurora até um templo escuro onde os mil nomes de Vishnu eram entoados. Mas certo dia, enquanto estava sentado junto ao forno de carvão, esperando por meu paratha de desjejum com recheio de batatas e temperos, ela me passou um pouco de sabedoria cósmica.

Tínhamos um vizinho, na rua do acantonamento de Poona, sr. Dalal, de quem ninguém gostava. Ele era curvado e grisalho, muito magro, e cumprimentava todos com uma expressão azeda e dolorosa. Curiosamente, ele tinha uma esposa pequena e vivaz - seu oposto exato - que o adorava. Estavam sempre juntos e, se eu passasse por eles no caminho para a escola, a sra. Dalal acenava para mim por trás de seu sari azul, sempre mantendo um olhar amoroso no marido, Que batia na calçada com a bengala.
'Eles são como Rama e Sita', dizia minha avó com admiração quando eles passavam. Eu duvidava muito disso, já que Rama e Sita eram encarnações divinas do homem e da mulher, e os amantes mais perfeitos na mitologia hindu. Quando Rama disparava seu arco causava relâmpagos e trovões, enquanto Sita era a própria beleza. Aos 11 anos e obcecado com o críquete, eu tinha pouco tempo para Rama e Sita ou para os Dalals, até que uma sombra passou sobre nosso lar. O sr. Dalal estava morrendo a apenas algumas portas de nossa casa.
Minha avó fez uma visita ao bangalô deles e voltou sombria e pálida. 'Só mais algumas horas', ela contou à minha mãe. Garotos pequenos podem ser insensíveis quanto à morte, e eu me ressentia do sr. Dalal pela vez em que tinha me cutucado com a bengala e ordenado que eu pegasse um pacote que ele deixara cair na calçada. Anos depois, quando entrei para a escola de medicina, compreendi que o sr. Dalal sofria de angina, e seu coração fraco não permitia nem mesmo que ele se curvasse. Uma intensa dor no peito explicava sua expressão de sofrimento, e agora ela o levara até à beira da morte.
Naturlamente, a agonia do sr. Dalal era o assunto da vizinhança. Naquele dia, minha avó nos informou que a sra. Dalal decidira morrer no lugar do marido. Ela rezava fervorosamente por esse desejo. Nossa família ficou aturdida, exceto meu pai, que era cardiologista. Ele ficou em silêncio, só nos garantindo não haver esperanças de o sr. Dalal recuperar-se do infarto. Uma semana depois, sua previsão foi desmentida quando um sr. Dalal extremamente frágil e sua esposa apareceram novamente na rua. A sra. Dalal, cheia de vida, acenava por trás de seu sari azul, parecendo alegre como sempre, apesar de um pouco mudada.
Minha avó esperou, e passaram-se alguns meses até que a sra. Dalal adoeceu. Um pequeno resfriado transformou-se em pneumonia: naqueles dias, a penicilina não era tão imediatamente disponível nem as pessoas comuns nela acreditavam - e ela morreu, subitamente, no meio da noite.
'Como Rama e Sita', murmurou minha avó, com uma expressão no rosto que poderia ser confundida com triunfo. Ela descreveu a última cena entre marido e esposa, quando o sr. Dalal pegou suas contas de orações e as colocou com ternura ao redor do pescoço da esposa enquanto ela fazia a passagem. 'Esta é uma verdadeira história de amor', declarou ela. 'Só o amor pode realizar tamanho milagre.'
'Não', protestei, de pé, impaciente, junto do fogão. 'A sra. Dalal está morta. A senhora chama isso de amor, mas agora nenhum dos dois tem nada'. Meu pai já havia me dito, em sua voz clínica e comedida, que a sobrevivência do sr. Dalal fora um adiamento, e não um milagre. Provavelmente morreria em menos de um ano.
'Você não está entendendo', minha avó me censurou. 'Quem você acha que concedeu à sra. Dalal seu desejo? Quando ela amava o marido, estava amando a Deus, e agora ela está com ele. Toda verdadeira história de amor é uma história de amor com Deus.'
Uma velha com uma mente cósmica é um bom início para falar sobre o amor. Porque essa história não é sobre a sra. Dalal. Um ocidental poderia duvidar de que ela houvesse conseguido qualquer coisa de valor ao morrer pelo marido, caso houvesse acontecido realmente isso. O ponto importante da história está nas crenças mais profundas de minha avó:

Um homem e uma mulher podem refletir o amor divino em seu amor um pelo outro.

Amar o seu amado é o modo como você ama a Deus.

O amor humano sobrevive à morte.


Se você também puder acreditar nisso, seu amor poderá conter força e significado profundos. Na verdade, eu não deveria privar a morte da sra. Dalal de seu próprio significado. Os vizinhos sussurraram que ela murmurava 'Rama' quando morreu. Qualquer pessoa que pode dizer o nome de Deus nesse momento pode muito bem estar fazendo a corte a seu amado. Olhando para trás, agora percebo que, para ela, a própria morte foi uma cura. Quantas pessoas modernas no Ocidente podem dizer o mesmo?


Este livro é sobre como reviver histórias de amor que nunca deveriam Ter-se apagado. A união da personalidade e do espírito não só é possível como inevitável. O significado espiritual do amor é mais bem medido pelo que pode fazer - que é muito.

- O amor pode curar.
- O amor pode renovar.
- O amor pode nos tornar seguros.
- O amor pode nos inspirar com seu poder.
- O amor pode nos aproximar de Deus
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fonte: http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML1679619-1...